Mesmo
sem um futebol encantador, Seleção tenta evoluir após vexame com
movimentação diferente, liberdade a Neymar e ausência do “9”
Por Alexandre Lozetti e Márcio IannaccaMiami, EUA
Foi
só o primeiro jogo sob o comando de Dunga, mas algumas mudanças na
seleção brasileira em relação à Copa do Mundo ficaram nítidas na vitória
por 1 a 0 sobre a Colômbia, na última sexta-feira, em Miami, nos
Estados Unidos. Não se viu um futebol que leve o Brasil ao nível das
melhores equipes, mas houve novos posicionamentos, filosofias e
movimentações. Entre jogadores mais compactos, responsáveis por bolas
paradas e até mesmo o posicionamento de Neymar, pelo menos sete
diferenças importantes. Veja:
NEYMARNa
Copa, com a presença de Fred, jogador de 30 anos com físico menos
privilegiado, o atacante do Barcelona era obrigado a recompor o sistema
de marcação quando o adversário tinha a posse de bola. Dessa vez foi
diferente. Quando a Colômbia atacava, Diego Tardelli ficava mais recuado
que Neymar. Este, por sua vez, adiantado, segurava sempre a marcação de
pelo menos um adversário, além de se poupar fisicamente para quando
estivesse com a bola dominada. Seu posicionamento lembrou o de Messi na
seleção argentina durante o Mundial.
Neymar comemora gol do Brasil contra a Colômbia (Foto: Bruno Domingos / Mowa press)
BOLAS PARADASNeymar
polarizou esse fundamento na Copa do Mundo. Bateu faltas e escanteios,
muitas vezes dos dois lados. Agora, Oscar não só dividiu, como se tornou
o principal nome. Nos treinos e na maior parte do jogo, foi ele quem
cobrou escanteios e faltas de bolas cruzadas na área colombiana. Isso
permite que Neymar fique na entrada da área, à espera de um rebote. No
segundo tempo, ele teve chance de chutar. A ele coube, claro, os tiros
diretos. Foi assim que ele fez um golaço e definiu a vitória por 1 a 0.
BOLA NO CHÃOPouca
coisa chamou mais atenção no torneio disputado no Brasil do que as
tentativas de lançamento (quase sempre em vão) dos zagueiros para os
atacantes. Com Oscar adiantado, Luiz Gustavo recuado e Paulinho isolado,
abriu-se um buraco no meio, por onde a bola sobrevoava. David Luiz
tentou, tentou, e não conseguiu bons lances dessa forma. No amistoso da
última sexta-feira, esse recurso foi pouco utilizado (sem sucesso
novamente). O Brasil tentou colocar mais a bola no chão graças à
proximidade dos jogadores de meio e ataque.
Oscar é agora o homem das bolas paradas do Brasil (Foto: Bruno Domingos / Mowa press)
RECOMPOSIÇÃOOscar,
Willian e Diego Tardelli estavam integrados ao restante do time quando a
Colômbia recuperava a posse de bola. Em linhas gerais, o Brasil
conseguiu se defender de ataques em velocidade do rival graças à rapidez
em arrumar o time na marcação. No fim do jogo, com reservas em campo e
cansaço dos titulares, a Seleção deixou espaços mesmo com um atleta a
mais, já que o meia Cuadrado havia sido expulso.
SEM CENTROAVANTEUma
cena foi frequente: Diego Tardelli receber a bola do lado esquerdo,
ainda no campo de defesa, criando espaços para a movimentação de Neymar e
dando uma opção de tabela ao lateral, no caso, Filipe Luís. Ele também
encostou na direita, em Maicon. Os zagueiros da Colômbia não tiveram uma
referência para marcar e isso confundiu a marcação em alguns momentos. O
Brasil acertou poucas trocas de passes no campo de ataque, precisa
melhorar, mas a movimentação tornou o time mais interessante do que na
Copa.
Tardelli aproveita o lado esquerdo para criar espaços para Neymar (Foto: Bruno Domingos / Mowa press)
PELA DIREITAMarcelo
é um lateral muito ofensivo e, com ele ao lado de Neymar, o Brasil
tinha poder de fogo pela esquerda na Copa, embora cedesse espaços na
marcação. Com Filipe Luís em seu lugar, o lado mais ofensivo passou a
ser o de Maicon, que fez várias jogadas de ultrapassagem pela direita.
Ele recebeu bolas de Diego Tardelli, Neymar, Willian... Só que nenhuma
foi boa, faltou precisão. Curiosamente, mesmo assim, o lance mais
perigoso pelo fundo ocorreu pela esquerda, quando Filipe Luís bateu e
Diego Tardelli marcou no rebote, mas o assistente marcou impedimento do
lateral-esquerdo, incorretamente.
Maicon usa o lado direito para fazer ultrapassagens (Foto: Bruno Domingos / Mowa press)
COMPACTAÇÃOO
Brasil não marcou a saída de bola da Colômbia, como pretende a comissão
técnica e fizeram as seleções mais fortes na Copa. Por outro lado,
atuou de forma mais compacta do que no Mundial. A defesa não ficou tão
recuada e isso aproximou os jogadores de linha, criando mais
dificuldades para que o talentoso meio-campo adversário, com James
Rodríguez e Cuadrado, criasse oportunidades de gol.